terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Vejo...

Olho no espelho e já não sei mais quem ver. Olhos fundos quase sem força, pele marcada pelo cansaço, cabelo bagunçado por descuido, unhas roídas, mas ainda assim se recusando a desistir. Toda essa força que ainda mantem este corpo de pé consome tudo o que vê pela frente de maneira absurda, restando exaustidão.
Os dias se arrastam em lentidão, a luta contra o vazio frio é constante, não se vê quase sorrisos, os dias quentes fazem o inferno se tornar cada vez mais real. Pessoas sempre com pressa passando por cima uma das outras, as ruas do centro conseguem ser menos sujas que a alma de cada uma delas, quando foi que tudo isso começou? Copos vazios já não significam nada em uma vida cheia de receios. A cada entardecer um suspiro de alivo surge, as escuridão traz calmaria.

Todas as noites, tomada pelo cansaço, antes de dormir, se larga em devaneios sem controle. Deseja que faça chover lágrimas de saudade, um amor gritado em silêncio,  apenas estrelas em seu quarto, um abraço que junte seus pedaços...Deseja que se for embora dê rosas banhadas em sangue, em seu sangue.