quarta-feira, 20 de junho de 2012

Apenas uma carta...

Essa noite eu sonhei com você. Foi um sonho tão real que me fez tremer a manhã inteira. Foi um daqueles sonhos que dói e te sufoca ao acordar. E o resto do dia passei tentando recolher meus pedaços, aqueles que eu perdi no meio do caminho e nem sei como, nem quando ou muito menos onde.
O que me assustou mais ainda não foi o fato de sonhar com você, e sim o fato de voltar a sonhar... De voltar a sentir toda essa angustia de novo. De ter esses sonhos tão reais que me doem a alma e de me fazer lembrar de coisas que eu venho tentando enterrar.
Sabe, eu sou tão você, quanto você é eu. Confuso isso, mas acho que é um tanto quanto  verdade. Eu sei o que é tentar levantar todos os dias e não conseguir porque não se tem motivos, sei o que é sentir uma dor tão profunda que te faz se perder nela e também sentir um vazio tão frio que chega a congelar até suas lágrimas.
Conheço o inferno que criamos dentro de nós mesmos. Cheios de segredos,dores, magoas, medos, vergonhas, enfim... Um inferno de emoções repreendidas. E todas as tentativas que fazemos para nos libertamos disso e acabam sendo em vão. Vejo o mesmo tanto de sangue que derramamos no desespero de tentar sentir alguma dor física  que pareça mais forte e mais real do que essa dor que esmaga nosso peito.
 Sabe aquelas noites de sono que você perdeu pensando em como poderia ser diferente? É, eu também perdi. Aquelas lágrimas que você teve que engolir que mais pareciam navalhas cortando sua garganta? Eu também engoli, milhares delas e deixei sangrar cada palavra não dita.
Em algum momento da nossa vida, quando tudo parecia já “normal” ou pelo menos suportável, perdemos os nossos amores, aqueles amores que de tão perfeitos a sua maneira, hoje parecem ser algo inventado. Perdemos por motivos que ainda tentamos entender e iremos tentar o resto de nossas vidas. Essa nossa vida injusta que deixou eles serem tomados de maneiras tão absurdas de nós. Vida que uma hora se esvaiu por entre os nossos dedos em questões segundos e com isso o vazio definitivamente se instalou dentro de nós, sem previsão de ir embora.
Falar de tudo isso pra que? Falo porque tudo isso resolveu vir a tona em meu sonho, junto com toda a dor que parecia finalmente dormente, mas na verdade só parecia estar crescendo silenciosamente para poder explodir de vez. Só que explodir assim, quando menos esperava me fez ver que apesar de sermos tão iguais, seguimos por caminhos diferentes. Eu resolvi enterrar tudo, andar pra frente e queimar o passado, e a cada nova dor, a cada nova gota de sangue arrancada, eu me desfazia em pedaços e os perdia por ai sem intenção de encontrá-los novamente,assim com a próxima decepção eu farei a mesma coisa. Provocando pequenas amnésias a cada nova dor. Mas sabe o porquê eu sempre me levanto de novo? O porquê eu ainda insisto em brigar com o mundo inteiro? Porque eu tenho esperanças de que um dia você me olhe e veja que se hoje eu continuo me levantando, indo e vindo, morrendo por dentro mas me agüentando por fora, é por você. É na esperança de você um dia se libertar de tudo isso que te entristece, te assusta, te angustia e te assombra e você possa vir brigar com  o mundo inteiro  junto comigo.
Me fizeram ver que minha irmã de alma é você.